Desate o nó
num desatino; um desafio.

Henrique.

Category: By Diego Paulino

Ele abriu os olhos.
O que via?Nada. Somente escuridão.
Silêncio.
Será que estou cego?Será que meus olhos estão realmente abertos?
Medo.
Lembranças povoaram sua mente, lembranças de um passado distante... Ou não?!

“Hey, onde você tá indo?”
“Pára com isso!”
“O sol está tão bonito hoje, não”?
“Eu te amo tanto...”.

Rostos desconhecidos, vozes estranhas.
O que houve comigo?Onde estou?
Quem eu era?Quem eu sou?!
Tentou abrir os olhos novamente, agora sim, ele conseguiu.
Olhou ao seu redor, a pergunta continuou em sua cabeça.
Onde estou?
Pessoas estranhas indo e vindo freneticamente, pareciam não notá-lo ali, caído no chão, quase o pisoteavam,causavam um som infernal, e ao mesmo tempo um silêncio fúnebre.
Estou louco?

Infernal.
Fúnebre.

E inesperadamente, como um raio de luz, como uma flecha que corta o ar, suas lembranças voltaram.
A dor foi insuportável, sua cabeça quase explodira. E ele gritou,gritou como jamais gritara.
Mais não foi ouvido.

“O quê? Você me traiu com meu melhor amigo?!”
“Pára, não me bata, eu não te amo mais!”
“Você não me ama mais, sua...!”
“Tira essa arma da cabeça, podemos resolver isso como pessoas civilizadas, não vá fazer uma besteira... Tira essa arma da cabeça!... Agora!... Nãããoooooo!”

Agora tudo era claro, mais ele não podia suportar a força aterrorizante da verdade.
- Eu estou morto.
Era mais uma pergunta do que uma afirmação, mais ele sabia que não havia saída, ele tinha que se conformar, afinal ele que causou aquilo, aquela situação.
- Sim, eu estou morto!
Levantou-se, suas pernas pesavam,doíam. Mortos sentem dor?!Não tinha tempo para perguntas, ele tinha que ir. Para onde?Bem, isso ele não sabia, a única coisa que sabia era que tinha que ir.
“Sim, eu-es-tou- mor-to!”
A cada passo repetia em voz alta a mesma frase, como se fosse para acreditar na realidade aterrorizante que o envolvia.

- Sim, eu est...



Obs.: Texto de meados de 2007



 

Mais uma, só mais uma...

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Mais um gole daquela bebida barata que ele nem lembrava mais o nome, só sabia que era barata.
Mais um refrão da música triste que insistia em chegar aos seus ouvidos.
Mais uma forma de fugir da realidade.

Ele jurara pela quinta vez que aquela seria a ultima . Nunca mais iria àquele boteco de quinta embriagar-se, encararia a vida dali para frente duma forma sã.Não afogaria mais suas mágoas em litros e litros de álcool, já estava enjuado e enojado daquela situação clichê que os fracos viviam rotineiramente...

- Mais uma dose, Garçom!

Mas essa remodelagem de hábitos poderia esperar um pouco mais, ele era fraco, tinha de admitir. Sabia que era fraco; uma dose a mais, uma a menos, não faria diferença alguma.

"Não me leve a sério, não me leve a mal, me leve para casa.
Eu sou um bom rapaz, eu só bebi demais, preciso ir pra casa."

E Gessinger ainda continuava com aquele refrão maldito ao fundo do boteco.

 

Agonia

Category: By Diego Paulino

E ele entra embaixo da água do chuveiro - talvez para tirar a imundice impregnada em sua pele, ou, pelo menos, tentar.
O que ele queria mesmo era que aquela água escaldante o consumisse, o corroesse por dentro. Deixando apenas um corpo fétido em seu lugar.
Olhava suas mãos - vazias e frias. Entrelaçava seus dedos - finos e longos.Tremia.
Deitava-se como um feto bizarro no chão límpido.
Agonia.
Depois de alguns instantes sentia-se renovado. Era disso que ele gostava: do êxtase da noite, para depois sentir a agonia da culpa.Ser devorado pela depressão momentânea.

Gostava daquela sensação que sempre sentia depois que matava alguém, gostava do som forte da palavra assassino - gostava não, adorava.

 

SIlêncio.

Category: By Diego Paulino

Numa coincidência, num momento alheio do tempo eles pararam de discutir, calaram-se. Entraram numa conversa muda : Nem de palavras, nem de gestos, somente de olhares. Cada qual encarando a face do outro, no lado oposto da mesinha pequena de jantar.

Silêncio.

Lágrimas escorriam dos olhos dela, tão bonita, tão frágil; tão triste.

O elo da relação havia se partido, não existia mais razão para continuar.

Ele levantou-se, ela não desviou os olhos dos seus, como se suplicasse que continuasse sentado.

- Helena – Ele disse.
- Sim?!
- Acabou
- Eu sei, eu sinto.
- Adeus.

Helena decidiu não responder.Adeus era uma palavra muito forte, não queria senti-la em seus lábios. Não queria sentir mais som algum em sua boca por longas horas. Queria o silêncio, a paz.

O mórbido silêncio somente foi rompido com o ' click' da maçaneta da porta; Arthur estava há apenas alguns passos para sair de sua vida... Para nunca mais voltar

- Arthur! - Ele virou-se para encará-la – ao sair, por favor, tranque a porta pelo lado de fora e jogue a chave. Deixe-me sozinha com a solidão.

E o Silêncio voltou a reinar no ambiente.

 

Turbilhão

Category: By Diego Paulino

Doze anos de idade. Final da infância começo da pré-adolescência. Também foi a época que eu senti pela a primeira aquele sentimento de falta, nostalgia, de por que não fiz isso?E tudo relacionado a lembranças.

Entro na adolescência, tudo é novo, aquela “explosão de hormônios”, primeiro beijo, sensação de estar curtindo a vida, sensação essa que é falsa, Por quê?Porque agora aquele sentimento que tinha me assombrado há cinco anos começa a voltar, e o pior: em dobro. Tenho a mesma sensação de não ter valido a pena, a mesma sensação de fracasso, a mesma sensação que leva a sua auto-estima a sete palmos debaixo de terra.

O tempo não pára, a infância não volta, muito menos a adolescência; posso até fingir por um tempo que ainda sou uma garotão de 15 anos, mas do que isso terá serventia?Atrasar mais a minha vida? Não, é melhor continuar vivendo, agora com as responsabilidades, preocupações e tudo mais que vem com a bagagem da tal vida adulta.Sei que não sou mais um adolescente onde erros são perdoados, e que o máximo que posso receber é uma bronca ou uma semana sem dinheiro. Agora sou adulto, estou migrando para outra fase da minha vida, deixando as dúvidas da adolescência para trás, saindo da certeza de um turbilhão para entrar num turbilhão de incertezas”.

A única coisa que peço, que rezo para um Deus que nem mesmo mais sei que acredito ou não, é que essa sensação de fracasso não volte a me assolar daqui a quarenta, cinqüenta anos, quando a morte estiver batendo à porta,por favor.

Somente isso que peço.

 

Category: , By Diego Paulino
Eu não tinha essa mente assim madura, assim insegura, assim confusa.
Eu não tinha esse medo, esse receio.Não, não tinha.
É tudo tão mais fácil quando você é criança e pode fazer de tudo, ou pode não não fazer nada; não há responsabilidades...

Quando olho pra trás me deparo com outra pessoa, é incrível como mudei tanto em tão pouco tempo.
Estou mais seguro, estou mais inseguro, mais verdadeiro, mais farsante; mais contraditório.
A maioridade tá aí, e não sei se acontece com todos, mas junto com a tal vida-adulta vem um certo medo de errar, pois agora serei dono de meu próprio nariz, ao menos na teoria.

Sinto que esse medo está me sufocando a cada dia, e espero que acabar com ele, tirar essa corda de meu pescoço, desatar esse nó; seja mais fácil do que parece.



PS- aos que leram esse post antes de eu o editar, peço desculpas, sempre tive dificuldade com S's e Ç's =/
 

Felicidade?

Category: By Diego Paulino

Eram umas 9 da manhã.

Ele acordou disposto como em todos os dias.Levantou, abriu a janela; o dia estava um pouco nublado, mas ele não se importava, pois tinha certeza, aquele dia nublado refletia totalmente o contrário ao que ele estava sendo nos últimos anos: uma pessoa feliz.

Uma pessoa feliz?Sim, ele achava que era uma pessoa feliz.

Mas o que é ser feliz?

Bom, para ele era sentir o cheiro da garota que ele gosta, vê-la mexendo no cabelo, da maneira que só ela mexia, ser feliz para ele era ler um bom livro, ouvir uma boa musica, ganhar um bom abraço.

Ser feliz pra ele era ver os outros felizes, era fazer alguém se sentir bem, era imaginar que ele fazia falta para alguém, que alguém pensava nele antes de dormir!

Mas o que é felicidade?

Por incrível que pareça, para ele era e é impossível definir felicidade, pode parecer meio contraditório, mas é isso, ele sabe o que é ser feliz, mas não consegue definir a tal da felicidade, definir o óbvio é complicado; é difícil.

A felicidade – como tudo que existe, pode e deve ser observada sob vários prismas, é um sentimento muito subjetivo, tudo dependerá do caráter, da experiência do que para a pessoa foi “ser feliz”, da maneira como você encara a vida!

Como já disse definir o simples é complexo.

Então depois de tantas contradições e reflexões, deixo essa pergunta no ar: Para você o que é ser feliz? O que é felicidade?